Segunda-feira, 1 de Julho de 2013

A pele

Não sou de entrar no mar de rompante. Preciso de entrar devagar, permitir que o corpo se habitue à temperatura da água.

Chego à beira do mar e paro com a rebentação a chegar, no máximo, abaixo do joelho.

A hora que passei ao sol faz sentir os seus efeitos. Cada centímetro de pele seca atingido pela água provoca um calafrio.

 

 

Quando uma onda me molha o baixo ventre sinto tudo a congelar. Até o cérebro! Por momentos fico imóvel com um esgar de sofrimento na cara, como se me estivessem a arrancar o figado pela boca. Talvez seja esta a demonstração que os homens só pensam com a cabeça de baixo.

Ainda falta a barriga. Só de pensar nisso estremeço! Molho as mãos nesta onda e ponho-as na barriga. Assim já se vai habituando... calculei mal a distância e parece que esta onda vai-me molhar a barriga.... ahhhhhhhhhh safa!!! Caramba! Isto hoje está frio!

 

Com a barriga já molhada, deixou de haver motivo para não mergulhar. Vamos acabar com isto!

Mergulho de cabeça na onda que me parece maior. Sinto que a cabeça até parece encolher enquanto dou duas braçadas debaixo de água. Volto à superfície e sopro com força. De alguma forma o sopro parece alíviar o frio. Tenho que me mexer. Dou dez braçadas vigorosas num estilo parecido com o Crawl. Volto para trás em bruços e paro.

Está boa! Espectacular!!!!

Daí a 20 minutos saio da água revigorado, tonificado.

"Está espectacular", digo...

 

Quem vir de fora, até parece que não me custou a entrar. :)

 

 

 

Ornatos Violeta - Coisas


publicado por BigJoao às 21:04
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Quinta-feira, 6 de Setembro de 2012

Quente

O último estremeção descontrolado num esgar de esforço envolto por uma inundação simultânea de prazer. A maré alta dos sentidos.

Os corpos suados, colados em humidade, tombados um e outro por uma respiração cada vez menos ofegante.

 

 

 

O mundo vai lentamente voltando a existir na forma de luz, som e tacto. A brisa abana as cortinas e faz-se sentir num toque suave, quase doce sobre a pele. Os movimentos lá fora adivinham-se pelos sons que chegam à janela. Um carro que arranca, um cão a ladrar, uma porta a bater...

 

São momentos eternos. O prazer é divino, os deuses são eternos, então os momentos são eternos.

 

(...) ainda te sinto em mim, ainda penso em ti, pensa em mim, mas só mais uma vez (...)

 

Tiago Bettencourt & Mantha - Só mais uma volta


publicado por BigJoao às 00:46
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Quinta-feira, 23 de Agosto de 2012

Crescemos

Crescemos sempre, melhor ou pior vamos crescendo. Vamos apanhando pancada na vida, mas crescemos sempre.

Uns crescem mancos, outros corcundas, outros ainda cegos. Não me refiro a deficiências físicas, refiro-me a condicionamentos ou incapacidades que vamos adquirindo ao longo dos anos.

 

 

Se nos cortam a liberdade de expressão ou não nos respeitam as opiniões, com o tempo e a repetição destas situações, acabamos por nos convencermos que a nossa opinião não tem valor. Seremos incapacitados nesta área, analfabetos de opinião.

Se nos impedem de demonstrar emoções, acabamos por tapá-las dentro de nós. Faremos de tudo para nunca admitir que sentimos, pois os sentimentos podem ser perigosos se forem diabolizados desde cedo... pelo menos é assim que os vamos ver.

Se nos cortam a agressividade rente, seremos incapazes de nos defendermos perante um acto agressivo.

Se nos convencem que somos os melhores sprinters do mundo e acabamos por nunca ser ou sequer andar lá perto, então o mundo é que está mal, não será seguramente a mamã...

 

 

António Zambujo - Fortuna


publicado por BigJoao às 02:49
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Segunda-feira, 25 de Abril de 2011

Que estranho...

Logo hoje, 25 de Abril de 2011 tinha que me dar um rasgo, um surto de clarividência.

Talvez por ser o dia da revolução, da comemoração dos seus 37 anos, tudo se torne claro.

 

Por vezes cedemos às tentação, à vontade ainda que incongruente, ao desejo embora vazio, ao embrulho sem a prenda no interior. Podem-se usar tantas imagens para ilustrar essas situações... mas não passam disso, imagens.

Hoje foi o dia de ver mais além, foi dia de citar Richard Bach porque realmente, não há longe nem distância. Se queres estar num outro lugar, na realidade já lá estás um pouco.

 

 

Quero estar no lugar onde guardo as emoções mais fortes, onde já fui feliz. Em todos os locais onde fui feliz. Com todas as pessoas com quem alguma vez fui feliz. Não quero emoções negativas, só positivas. Ou então, podem entrar as negativas desde que o resultado final seja positivo.

Todas as experiências que valeram a pena ser vividas.

 

Eu vou lá estar. Vou fazer somente o que quero e nada mais. Não se adiam decisões... pois não miúda?

 

PS: Vale a pena ouvir a música toda, que mais não seja, pelo solo de guitarra.


publicado por BigJoao às 14:14
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Quarta-feira, 2 de Março de 2011

Pensa em mim

Abriu o site como tantas vezes antes o fizera, a visão de um post de alguém que reconhece... e partiu-se.

 

Nem gostava da cantora, mas a música estilhaçou-o por dentro. Partiu-o em mil pedaços brilhantes e miudinhos, quase pó.

 

Lá estão eles, os lugares que conheci pela sua mão, em que fomos felizes, em que bebemos a felicidade um do outro. Em que nos misturámos como duas mãos num aperto abraçado.

Também eu sei de cor cada lugar teu, e porque não meu.

Basta passarem nas Notícias as buscas de um "afogado" e logo me salta à memória que aquele mar é meu, que ela mo deu uma noite. Basta passarem uma notícia sobre estudantes do Erasmus a serem entrevistados junto ao rio e o coração acelera. Basta ouvir o trânsito de manhã e mentalmente lembro os locais, imaginando-os cheios de carros e condutores impacientes. Ela está em todo o lado, procuro-a em todo o lado...

 

Fomos corajosos. Vivemos as emoções sem nenhuma reserva, sem ter "o pé atrás". Esfolámo-nos todos, pelo que hoje somos ricos. Ninguém se retraiu.

Queria viver tudo outra vez, noutra situação, noutra dimensão, numa outra ilusão, mas estar consciente de que tudo acaba, como tantas vezes disseste.

Hoje dói demais. Esta angústia que reconheço em cada pedra das calçadas onde passámos, daquelas em que ficámos de passar. Dói a cada música das nossas, a cada assunto nosso, a cada lembrança...

 

Por tudo isso...

Mafalda Veiga - Cada lugar teu

sinto-me:

publicado por BigJoao às 15:59
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Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2011

Parabéns!!!!

Parabéns à minha filha mais velha que faz hoje 18 anos.

Atinge hoje a maioridade. Um marco no crescimento de qualquer ser humano.

 

Um abraço do tamanho do mundo que, como sabes, é todo teu por direito e mérito próprios.

 

sinto-me:

publicado por BigJoao às 12:17
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Quinta-feira, 10 de Fevereiro de 2011

Insanidade

A notícia saiu no jornal sem qualquer enfase em especial, escrita num tom quase monocórdico.

 

Resumindo, uma criança de 4 anos assiste ao avô a matar o pai, depois deste conseguir a visita da filha após longas demandas em tribunal. Pai advogado, mãe juíza em Ílhavo (terra que até conheço), num portugal supostamente desenvolvido.

 

http://jornal.publico.pt/noticia/09-02-2011/violadas-regras-de-visitas-a-menina-de-oliveira-do-bairro-21255173.htm

 

Até onde pode ir a cegueira de alguém? O que terá passado pela cabeça do avô? E do pai? E da menina?

Vidas destruídas em nome da "razão". Estupidamente, sem nenhum brilho, sem um rasgo de lucidês.

De repente, pus-me a imaginar os contornos da situação... nem sei o que se passou, nem o que terá justificado o ato.

 

 

.........

O sacana anda há tanto tempo sem pagar a pensão de alimentos. Trabalha com recibos verdes, não declara o que ganha e ninguém o consegue obrigar a pagar a pensão. Nem o tribunal! Quem é que precisa de recibos de um advogado?

Agora quer visitar a menina!? Eu vou lá mostrar-lhe que não pode fazer o que quer. Pensa que manda em quem?

É melhor levar a arma, não vá o tipo passar-se e querer levá-la... tão pequenina, nem percebe o pai que tem.

 

- Já te disse que sou eu que vou, se lhe dá para a querer levar, para fugir, vais fazer o quê? E o avô gosta demasiado de ti para deixar que te levem, não é querida?

Vai correr tudo bem, mas se ele se arma em parvo vai-me ouvir! Recebi-o em minha casa como se fosse um filho, não tem o direito de vir gozar com as pessoas! Não dá nada e quer ver a menina!?

 

- Vamos lá querida. Não percebes nada do que se está a passar não é? Vamos ver o teu pai. Anda.

 

Queria que me afastasse para estar com a menina. Queria ir para perto do carro. Eu percebi bem o que ele queria. A menina começou a chorar, a discussão estalou, quis dizer-lhe duas ou três coisas. Ele respondeu sem respeito nenhum, sem nenhuma consideração. Usa as pessoas como se fossem toalhetes.

- Já disse que fico aqui! Largue a menina, a visita acabou! Você não me empurra!!! Largue-me!!

 

Pam, pam, pam, pam, pam!!!!!!!!

O silêncio... nenhum ruído, nem pássaros, nem cães. O trânsito parou...

Foto de autor. Todos os direitos lhe pertencem.

.........

 

Finalmente vou ver a minha filha!! Tenho tantas saudades dela, das mãozinhas, das bochechas, da voz...

Pensavam que me podiam impedir de estar com ela, mas o tribunal deu-me razão! Seja lá onde for, em casa, num sítio público, no cinema, na prisão, tenho o direito de estar com a Cláudia.

Nunca me deixam ver a miúda mas exigem que pague a pensão!? Bem os tramei! Sempre tiveram dinheiro, se querem luxos, que paguem!

Por esta altura já lhe fizeram a cabeça, que o pai é mau, que não gosta dela, que se gostasse não fazia estas coisas... a ver vamos.

 

- Vou buscar a Cláudia, está-me mesmo a apetecer um abraço dos dela.

Bolas! Cheguei 15 minutos adiantado ao largo. Vou comprar cigarros e o jornal. Trouxe um boneco para ela. Que nervos esta espera.

 

Lá vêem eles, nem vou falar ao velho.

- Cláudia!!! Dá cá um beijo!

- Cláudia! Anda cá ao pai. $#%"

- Já lhe fizeram a cabeça, nem um beijo me dá!?

Baixou-se e abraçou-a. Apertou-a contra si, contra o seu peito.

- A mãe? Pergunta a Cláudia.

- Agora estás aqui com o pai. Anda até ali para estarmos os dois sozinhos.

- Não me apertes pai! Mãe!!! Começa a chorar.

O avô pega num braço da Cláudia e diz que a visita acabou.

- Era o que faltava!!! Estou há 4 meses sem a ver e agora levam-na ao fim de 2 minutos!? Eu sou o pai dela e ela vai ficar aqui comigo.

Empurrei o velho... a Cláudia chora... não tem que se meter entre pai e filha!

- Pensam que são donos dela, mas é a MINHA filha! Eu é que devia autorizar se estão com os avós ou com quem quer que seja!!!

- Pára de chorar e anda cá.

O velho reage com insultos, leva a mão ao bolso, tira uma coisa preta e oiço uma série de estrondos. Que estranho... de repente o silêncio... sinto-me empurrado para trás e estou a ficar sem força... que estranho... sinto a camisa molhada... caio no chão... a Cláudia liberta-se da minha mão... não vás! Ainda nem te dei o boneco...

 

 Madeleine Peyroux - Dance me to the end of love


publicado por BigJoao às 13:16
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Terça-feira, 2 de Março de 2010

O beijo

Não cheguei a sair daí.
É de noite,
estou naquele muro onde te tirei a fotografia,
enquanto falavas ao telefone com o teu vestidinho azul escuro .

Posso dar-te a mão,
cingir-te a cintura enquanto sinto o teu cheiro,
enquanto te toco o pescoço com os lábios,
enquanto falas ao telemóvel e admiras as tuas botas,
enquanto verificas novamente se a presilha das botas está no furo certo.
Admiras distraída a água do Douro a fluir,
a correr para a Foz,
num murmúrio de água que se amontoa enquanto roça a margem.
Um bater de asas nocturnas,
uma gaivota estremunhada.
Ao fundo as luzes da serra do pilar,
um ruído do vento a bater na roupa a secar,
um carro que passa na outra margem, no cais de gaia,
o som dos nossos passos
o teu toque
o teu olhar
a tua boca
os teus lábios entreabertos,
um beijo que se adivinha
o beijo inadiável
a urgência desse beijo
os corpos num desejo de fusão
o beijo já ansioso
.....
explode


Pedro Abrunhosa - Eu não sei quem te perdeu


publicado por BigJoao às 00:59
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Domingo, 8 de Novembro de 2009

Santo Ovídio

Os sons flutuaram estranhamente no ar, em volteios de cavaleiro ausente. Chove copiosamente e a visão reduz-se, compensada pelos aromas e sons mais distintos.

 

 

 

 

A distância reduziu-se a um milímetro mal medido e uniu almas num abraço sôfrego. O beijo confirma a expectativa mas não reduz a adrenalina nem a paixão. O Santo não tem memória de tal sintonia de harmonia electrizante. Nem a água que escorre cabelos abaixo, pele abaixo, que se sente entrar pelas golas em gotas grossas, esconder-se nas costas, se lembra de incomodar, se lembra de arrefecer os ânimos. O imparável, o indomável, o incontrolável e saboroso beijo acaba interrompido pelo trânsito.
"Cena de filme", diz uma voz enquanto mordisca o lábio inferior... "nunca me aconteceu", diz outro actor no fundo da tasca... "não me digas!?!?"; investe o bêbado junto ao balcão, agarrado ao vício... "Será que isso existe!?!?" questiona a Dona Balbina enquanto limpa um copo a um pano aos quadrados.

Não sei se existe, mas é uma história divina.


publicado por BigJoao às 00:08
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Sábado, 31 de Janeiro de 2009

O abraço



Dá-me um abraço com a força com que gostas de mim.


publicado por BigJoao às 02:44
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