- Fui eu que fiz!
Afirmou do outro lado do balcão com orgulho de artesã à espera de um reconhecimento, de um cumprimento.
Nem o consegui dizer, fui imediatamente interrompido por alguém que passou por trás de mim e se veio colocar à minha direita.
- Deixou cair um papel no chão.
Olhei para ela. Uma morena da minha altura, rosto de traços finos com óculos de armações em massa preta. Sorri e olhei para a esquerda. Lá estava a factura do telefone perdida atrás da cadeira onde estive sentado.
- Infelizmente é uma conta para pagar. Bem tentei esquecê-la...
Disse enquanto me baixei para a apanhar.
- Se a deixar aí, juro que não volto a chamar a atenção.
Respondeu com um sorriso.
- Esta ainda vou pagar, talvez para a próxima... boa tarde e obrigado.
Saí para a rua empurrado pelo olhar do mais que provável marido. O frio e os chuviscos arrefeceram-me a cara e mãos, até me souberam bem.
Um destes dias volto cá, os croissants são fabulosos e acabei por não o dizer.
Mayra Andrade - We used to call it love
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