Quinta-feira, 30 de Janeiro de 2014

O croissant

 

- Fui eu que fiz!

Afirmou do outro lado do balcão com orgulho de artesã à espera de um reconhecimento, de um cumprimento.

Nem o consegui dizer, fui imediatamente interrompido por alguém que passou por trás de mim e se veio colocar à minha direita.

- Deixou cair um papel no chão.

Olhei para ela. Uma morena da minha altura, rosto de traços finos com óculos de armações em massa preta. Sorri e olhei para a esquerda. Lá estava a factura do telefone perdida atrás da cadeira onde estive sentado.

- Infelizmente é uma conta para pagar. Bem tentei esquecê-la...

Disse enquanto me baixei para a apanhar.

- Se a deixar aí, juro que não volto a chamar a atenção.

Respondeu com um sorriso.

- Esta ainda vou pagar, talvez para a próxima... boa tarde e obrigado.

Saí para a rua empurrado pelo olhar do mais que provável marido. O frio e os chuviscos arrefeceram-me a cara e mãos, até me souberam bem.

Um destes dias volto cá, os croissants são fabulosos e acabei por não o dizer.

 

 

Mayra Andrade - We used to call it love

 

 

 


publicado por BigJoao às 01:47
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Sexta-feira, 2 de Novembro de 2012

O olhar

Estava uma manhã fria e húmida. O nevoeiro não deixava ver mais de 30 metros em redor.

 

Saiu da pastelaria aborrecida. O empregado nunca reparava nela, parecia que nunca a ouvia. Apesar dos seus pedidos repetidos por uma torrada e uma meia de leite, era surdo à sua voz. Perdia sempre imenso tempo na pastelaria, mas raramente perdia o autocarro das 8:10h.

 

 

Às 8:27h entrava no barco para o Terreiro do Paço, pouco antes das 9:00h estava a entrar na loja.

 

Sempre a mesma rotina, sempre a mesma vida. Poucas surpresas. A família esperava dela que casasse e tivesse filhos, mas nenhum rapaz parecia ser o tal. Nenhum príncipe encantado, só desilusões desdentadas e desbocadas.

Fora educada para se portar bem e por essa via chamar a atenção de um bom rapaz, como lhe dizia a mãe. As pessoas já não pareciam valorizar essa postura e ela esperava, esperava sempre... dos olhares cruzados à troca de palavras, destas à desilusão e até mágoa, nunca ia grande distância.

Ia continuar à espera, sempre à espera. Uma vida assim, deitada fora por convicções que nem sabia se eram realmente dela.

 

Crowded House - Don't Dream It's Over


publicado por BigJoao às 01:29
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Quarta-feira, 2 de Março de 2011

Pensa em mim

Abriu o site como tantas vezes antes o fizera, a visão de um post de alguém que reconhece... e partiu-se.

 

Nem gostava da cantora, mas a música estilhaçou-o por dentro. Partiu-o em mil pedaços brilhantes e miudinhos, quase pó.

 

Lá estão eles, os lugares que conheci pela sua mão, em que fomos felizes, em que bebemos a felicidade um do outro. Em que nos misturámos como duas mãos num aperto abraçado.

Também eu sei de cor cada lugar teu, e porque não meu.

Basta passarem nas Notícias as buscas de um "afogado" e logo me salta à memória que aquele mar é meu, que ela mo deu uma noite. Basta passarem uma notícia sobre estudantes do Erasmus a serem entrevistados junto ao rio e o coração acelera. Basta ouvir o trânsito de manhã e mentalmente lembro os locais, imaginando-os cheios de carros e condutores impacientes. Ela está em todo o lado, procuro-a em todo o lado...

 

Fomos corajosos. Vivemos as emoções sem nenhuma reserva, sem ter "o pé atrás". Esfolámo-nos todos, pelo que hoje somos ricos. Ninguém se retraiu.

Queria viver tudo outra vez, noutra situação, noutra dimensão, numa outra ilusão, mas estar consciente de que tudo acaba, como tantas vezes disseste.

Hoje dói demais. Esta angústia que reconheço em cada pedra das calçadas onde passámos, daquelas em que ficámos de passar. Dói a cada música das nossas, a cada assunto nosso, a cada lembrança...

 

Por tudo isso...

Mafalda Veiga - Cada lugar teu

sinto-me:

publicado por BigJoao às 15:59
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Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2011

Parabéns!!!!

Parabéns à minha filha mais velha que faz hoje 18 anos.

Atinge hoje a maioridade. Um marco no crescimento de qualquer ser humano.

 

Um abraço do tamanho do mundo que, como sabes, é todo teu por direito e mérito próprios.

 

sinto-me:

publicado por BigJoao às 12:17
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Terça-feira, 11 de Agosto de 2009

Digestões

Há digestões mais difíceis que outras, normalmente dependem do alimento ingerido e se estava muito ou pouco estragado.
Refiro-me à digestão de relações com um fim abrupto. :)

Ser rejeitado(a) não é fácil. Saber que alguém de quem gastamos ou gostámos, olha para nós e não sente a terra a tremer ( obrigado Hemingway :) ), não sente as ondas a rebentarem dentro de si, nem vê fogo de artifício……. é duro.
Começa então uma saga tipo senhor dos anéis. A ideia é sempre a mesma. Tentar diminuir a importância do outro dentro de nós. Normalmente recorre-se a uma pseudo-lógica, de todo impossível no fervilhar de emoções em que se vive. Tenta-se racionalizar ou, pelo contrário, deixamos-nos levar pelas emoções.
Tenho visto o recurso a todo o tipo de técnicas para ultrapassar relações terminadas, desde passarem a tratar os (as) “ex” pelo apelido, a recorrerem ao insulto em substituição do nome, até ao supremo castigo de não se voltar a envolver com ninguém, tudo é permitido. Tudo é legítimo para diminuir a imagem do outro e, quantas vezes para reduzir a dor dentro do próprio.



Qual é a minha técnica!? Observo à lupa comportamentos menos correctos, ou que possam roçar nem que seja levemente, a incorrecção e supervalorizo-os, hipervalorizo-os, modificando a pouco e pouco a imagem que tenho dela, a malvada que me ficou com o coração, usou e não devolveu em condições ser usado imediatamente. :) Não sou nenhum santo. Estas são estratégias de sobrevivência. Mas há pessoas que são o diabo para ultrapassar. Quando são correctas e de um comportamento impecável, de uma lisura no trato, inatacáveis… bolas… aí… só há uma solução; AENC, acrónimo para a expressão, aguenta e não chora. Não passa dum acrónimo, porque o choro está sempre cá, demasiadas vezes cá dentro. Não, não tem nada a ver com a máxima “um homem” não chora. Tem a ver com o facto de, nem sempre o choro conseguir resumir o que vai cá dentro, nem sempre o choro ser a melhor expressão para a tristeza que se instala. :)

Bem a propósito... para elas
The Bangles – Eternal Flames

 


Para eles...

 

Bruce Springsteen - Drive all night

 

 

Para quem ainda não conseguiu colar as peças toda

 

Tom Waits - Broken Bicycles


publicado por BigJoao às 00:48
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Segunda-feira, 27 de Julho de 2009

É bonita ou não é!?

Ontem apareceu num jornal de grande tiragem na Argélia uma notícia que vou ter de resumir.

Para os amantes do que é belo, da moda, etc... nada há de mais natural que um concurso de beleza. Nada há mais natural que escolher o mais belo entre iguais, a peça mais perfeita aos olhos de todos e sobretudo dos entendidos. Até na Ovibeja já vimos eleger o ovino e bovino mais elegantes da exposição.
Se falo em gado ovino na mesma frase em que falo de moda, não pretendo ofender ninguém, é só uma pequena provocação para um possível debate em torno do tema. :)

O que vos pretendo transmitir é que na Arábia Saudita, o mais islâmico dos países islâmicos, organizou-se um concurso de beleza feminina. Ganhou uma candidata de 18 anos entre várias.
Isto nada teria de especial, se a candidata que ganhou não o tivesse conseguido vestida com uma Burka!!?!? :)
Ah pois é meus amigos!!!! O juri até pode ter escolhido um homem... ninguém sabe! Aparentemente, o juri viu e avaliou numa sala à parte, a beleza das candidatas que escolheram ir de burka e tomou a sua decisão.
Algum de vós consegue afirmar que não escolheram a mais bonita!?!? :)


É fascinante a ambiguidade desta gente. Há coisa mais obnóxica que um concurso de beleza em que algumas participantes aparecem de burka, praticamente ninguém as vê e acaba eleita uma entre as de burka!?!?

As fotos dos jornais podem mostrar quem quiserem. Para que serve a alguém ser a miss beleza Saudita!? Será que eles queriam eleger uma rapariga, ou um modelo de burka!?

Esta gente tem seguramente uma relação muito estranha com o corpo. :)


publicado por BigJoao às 12:21
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Quarta-feira, 15 de Julho de 2009

Caramba

Cá estou de volta ao país dos contrastes... já podem respirar fundo e conduzir à vontade em Portugal... o "argelino" já saiu. :)

 

Foi um dia exigente. Acordei às 5:30h, segui de taxi para o aeroporto sem a certeza de ter lugar no avião, já para não falar na incerteza de ter ou não bagagem à chegada. Apanhei o dito avião que partiu com 25 minutos de atraso, sabendo que tinha 40 disponíveis para mudar de terminal em Paris... estava praticamente condenado. :) Felizmente tudo se encaixou de uma forma delicada, com stress mas sem forçar nada.

 

De Paris para Alger segui em económica, que é algo que me faz muito bem. Serve sobretudo para me lembrar quem sou e de onde venho. A classe executiva é só uma circunstância, um estado tão volátil como o alcool, como ter, por exemplo unhas de gel... :) :) no fundo não são realmente vossas, meninas. Só as compraram, não nasceram com elas.

 

E chegamos ao motivo que me leva a escrever, em económica é como nos santos populares, vamos mais juntinhos, o que potencia o diálogo e por vezes impede o soninho retemperador.

A senhora de cerca de 50 anos que seguia ao meu lado, começou de repente uma conversa surpreendente. Argelina de gema, viajava para Oran sozinha. Apesar de ser casada e já ser avó, o marido, também argelino, ficara em França e não sabia o motivo da sua viagem.

Aparentemente estavam a construir uma casa e o marido ter-se-á demorado 2 meses na Argélia em vez dos 15 dias esperados. Ela achava que o marido tinha outra mulher.

O que me surpreendeu foi a forma de lidar com a situação. Aparentemente ela terá questionado o marido de forma indirecta e, sem resposta cabal, decidiu fazer a viagem (4000Km) para confrontar essa mulher com a sua suspeita! Ainda lhe perguntei porque não o confrontava a ele com a situação, uma vez que era com ele que tinha a relação, mas não era essa a sua forma de lidar com as coisas. O que acho é que é uma viagem absolutamente inútil, se a outra lhe disser que não tem nada com o marido dela, ela vem-se embora sem nada, se lhe disser que tem, vem-se embora sem nada... de qualquer forma, vem-se embora sem nada.

 

Expliquem lá esta situação aqui ao tonto sff meninas. É coisa de mulher, é coisa de mulher desvairada, é coisa de criança, é coisa de árabe maluca, é coisa de... ilógica??!?

 

Obrigadão :) :)

 

Alison Moyet - Chain of Fools (live)


publicado por BigJoao às 14:22
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Sábado, 9 de Maio de 2009

As Mulheres

Não é meu hábito copiar alguém, mas acho que ele tem uam certa dose de razão.

08.03.2009, Miguel Esteves Cardoso

Só quando os homens chegam a uma certa idade é que podem dizer com certeza que as mulheres são melhores do que eles em tudo - mesmo na bola, a carregar pianos, a lutar com jacarés ou nas outras coisas em que ganhávamos quando éramos mais novos e brutos e fortes.

Quando se é adolescente, desconfia-se que elas são melhores. Nos vintes, fica-se com a certeza. Nos trintas, aprende-se a disfarçar. Nos quarentas, ganha-se juízo e desiste-se. Nos cinquentas, começa-se a dar graças a Deus que seja assim. Os homens que discordam são os que não foram capazes de aprender com as mulheres (por exemplo, a serem homenzinhos), por medo ou vaidade ou estupidez. Geralmente as três coisas.

Desde pequenino, habituei-me que havia sempre pelo menos uma mulher melhor do que eu. Começou logo com a minha linda e maravilhosa mãe, cuja superioridade - que condescendia, por amor, em esconder de vez em quando - tem vindo a revelar-se cada vez mais. As mulheres são melhores e estão
fartas de sabê-lo. Mas, tal como os gatos, sabem que ganham em esconder a superioridade. Os desgraçados dos cães, tal como os homens, são tão inseguros e sedentos de aprovação que se deixam treinar.
Resultado: fartam-se de trabalhar e de fazer figuras tristes, nas casas e nas caças e nos circos. Os gatos, sendo muito mais inteligentes, acrobatas e jeitosos, sabem muito bem que o exibicionismo os vai levar à escravatura vil.

Isto não é conversa de engate. É até um tira-tesões. Mas é a verdade.
E é bonita.


publicado por BigJoao às 21:59
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Terça-feira, 22 de Abril de 2008

Ser gaja

Essa coisa de ser gaja deve ser lixado.

Ser capaz de lidar com 8 coisas em simultâneo e chegar a conclusões razoáveis em todas elas, não parece fácil. Parece que o que ganham em ser multifacetadas, acabam por perder em orientação.

São capazes de tratar N aspectos na vida, mas perdem a orientação estratégica. Perdem a noção dos objectivos, a noção do que é importante e do que é urgente.

É tudo urgente e a importância das coisas parece diluir-se.

Será por isso que homens e mulheres se completam? Pelos menos acredito que sim.


publicado por BigJoao às 17:32
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Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2008

O orgaasss...mo

Li algures que:

"O orgasmo feminino é uma coisa da qual as mulheres percebem muito pouco, e os homens ainda menos. Pelo facto de ser uma reacção endócrina, que se dá sem expelir nada, não se apresenta nenhuma prova evidente de que aconteceu, ou de que foi simulado. Diante deste mistério, investigações continuam, pesquisas são feitas, centenas de livros são escritos, tudo para tentar esclarecer este assunto.

A acompanhar este tema, deu no outro dia uma entrevista na TV com uma conhecida sexóloga, que apresentou uma pesquisa feita nos Estados Unidos na qual se mediu a descarga eléctrica emitida pela periquita no instante do orgasmo. Os resultados mostram que, na hora H, a pardaleca dispara uma carga de 250.000 micro volts. Ou seja, 5 passarinhas juntas, ligadas em série na hora do 'ai meu Deus', são suficientes para acender uma lâmpada. E uma dúzia é capaz de provocar a ignição no motor de um Carocha com a bateria em baixo. :)

Preservativo agora é pouco: tem de se mandar encamisar na Michelin. E, no momento da descarga, é recomendado usar sapatos de borracha, não os descalçar e não pisar o chão molhado. É também aconselhável que, antes de se começar a molhar o biscoito, se pergunte à parceira se ela é de 110 ou de 220 volts, não se vá ficar com a salsicha assada."

É brejeira mas tem graça! :)


publicado por BigJoao às 17:36
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