Abro o envelope com o coração, só sinto o coração. Nem as mãos sentem o envelope, nem os dedos o papel. Começo a ler e não consigo entender... mas isso foi explicado... mas como é que... a decisão... a decisão é devastadora e impossível de cumprir.
Levanto-me. Sim, tinha-me sentado. Tenho que sentir as pernas, outra coisa além do coração. Tomo consciência como é que as notícias do Correio da Manhã acontecem. Decisões injustas levam a actos tresloucados e só me apetece cometer um qualquer. Claro que não vou fazer nada, mas...
Já não me recordo quando é que deixei a minha vida ser arrastada para a justiça. Quando é que dei aos outros espaço para me imporem decisões à martelada.
Este é realmente o martelo da justiça portuguesa. A vida suspença anos a fio para ver imposta uma injustiça visível na própria sentença, na lógica parcial da argumentação.
Tem que ter havido um dia, uma situação, em que fiz uma escolha errada. Esse dia tornou o resto inevitável. O instante imediatamente anterior à avalanche. Aquela que arrasa tudo à sua passagem. No final, se depois aquele castanheiro ficou de pé ou se foi aquele pinheiro, pouco importa. O que importa é a devastação e ela é inegável.
Um deserto.
Um deserto gelado de branco frio a perder de vista.
Nem um ser vivo, uma planta, nada.
Uma imensidão de branco estéril
É como me sinto.
Sem dignidade nem ser
Nem nada.
Agarrado por mentiras
que me cercam como uma teia
Apanhado pela aranha
caio e tropeço até deixar de sentir.
Já não me sinto.
Ornatos Violeta - Capitão Romance
Talvez tenhamos que nos libertar dos bens materiais para atingirmos a felicidade. Nesse caso estou quase lá.
Talvez tenhamos que nos libertar de toda a zanga e simplesmente aceitar os factos da vida.
Talvez me converta ao budismo, ao islamismo, ao "abdicarismo", ao "desistismo", ao "abstinentismo" e a mais qualquer outro "ismo" de que me lembre.
foto Reuters
E o que é a verdade!? Talvez um dia a verdade aconteça, talvez germine e cresça como um rebento de soja. Talvez a minha verdade esteja errada e tortuosa. Talvez se me libertar de ideias pré-concebidas que desconheço, ela se erga numa coluna de fumo e luz.
Olho para uma vida cheia de becos sem saída e apostas falhadas. Diz-se que "o que não nos mata torna-nos mais fortes", e se nos matar? Se nos formos tornando sombras de nós mesmos a pouco e pouco. Os dedos sem sentir a pouco e pouco. As pancadas já sem doer, a pouco e pouco. Sem capacidade de reacção. Um esgar no rosto sem sequer parecer um sorriso, uma careta.
As palavras foram lapidares, a conclusão foi tirada. As chaves do carro ficaram sobre a secretária vazia, a mochila no chão ao lado desta. Sem sentir a cadeira a arrastar, levantou-se e saiu indiferente aos protestos que as coisas não estavam terminadas. Precisava de ar.
Os olhos pequenos, já crescidos de olhar. Os ouvidos cheios de sons, uns bons outros maus. Uns breves outros longos e agudos como estiletes. A narrativa da mentira, a narrativa da boçalidade destrutiva como um buldozer. Cabeças de criança terraplanadas de ideias violentas, de destruição brutal.
Ninguém nos prepara para isto quando temos um filho. Ninguém nos prepara para isto quando temos dois. Ninguém.
Tornamo-nos sombras, espectros. Sem rumo, sem norte, sem conteúdo.
Seja feita a vossa vontade.
Tiago Bettencourt - O Jogo
Manifestei-me? Claro que sim!! Não aceito políticas erráticas implementadas só "porque sim".
Vai surgir uma solução? Nem por isso. Acredito que vão surgir pequenas soluções, se houver tempo... se o sistema não tombar de podre.
Vamos viver num estado de direito? Não. Excepto se a justiça se levar a si própria a sério e começar a julgar com base no espírito da lei.
É interessante espreitar o termo "Justiça" na enciclopédia. Dá-nos a real dimensão da distância que temos a percorrer. É quase assustador.
A equidade por exemplo (simbolizada pela balança), onde está a equidade!? A imparcialidade (simbolizada pelos olhos vendados) não passa de uma miragem. A coragem (simbolizada pela espada) não passa de uma anedota nos dias de hoje.
Não me refiro aos processos pequenos em que um sem abrigo rouba um polvo e um champô, porque nesses a coragem necessária não é superior à necessária para atravessar a rua, a imparcialidade até acredito que exista, já a equidade... enfim.
Ontem vi um casal de idosos, até com bom ar, furtar pão no supermercado! Pão!!!!!!!!
O que fazer? Claro que não os denunciei, pagar-lhes o pão só os iria envergonhar, pelo que sobrava deixar as coisas entregues ao destino.
Outro aspecto prende-se com alguns dogmas existentes no sistema de justiça. Por exemplo, os filhos devem ficar sempre a cargo da mãe. Como diria um qualquer jurista, "in dubio para a mãe".
Presuntos Implicados - Alma de Blues
Continuo a perguntar-me. É este o modelo de país em que queremos viver? Há algum político satisfeito com o estado a que trouxe país? Haverá algum ego inchado e orgulhoso com o nosso desenvolvimento?
RTP concessionada, TAP vendida com hub simbólico em Lisboa, EDP e REN chinesas,
Galp privada (e agora a ganhar dinheiro como nunca), 10 estádios novinhos, aeroporto abandonado em Beja, 15% de desemprego (oficial), interior sem ninguém, a horrorosa grande Lisboa, as lamentáveis Portimão e Praia da Rocha...
E sempre esta obcessão dos empresários com os despedimentos. As empresas são as pessoas que lá trabalham e as ideias que têm... o resto são instalações, prédios, armazéns, viaturas... nada valem, não geram riqueza. Por isso não entendo as racionalizações e reformas antecipadas obcessivas. Por isso detesto a frase repetida e quase metálica, "há mais alguma coisa em que possa ser útil?", por reflectir ignorância e insinceridade. Reflecte a simples obediência ao "road book" dos call centers, obediência cega em vez de uma vontade real em ajudar.
Em Portugal nunca se fazem avaliações, balanços efectivos. Nunca se tomam medidas em consonância com as conclusões a que se chega. O despudôr dos políticos é o reflexo do "deixa andar" popular e a justiça acaba por se travestir de anedota.
É melhor ir dormir, caso contrário amanhã faço uma revolução.
Xutos & Pontapés - Para sempre
A vida está difícil para continuar a ser português. Para continuar em Portugal.
Já nem comento as medidas avulsas que diariamente o governo bolsa. Acho que se esqueceram que a sua função é legislar e agora "tomam medidas".
Os portugueses são um povo incrível. Aguentam as maiores barbaridades. Talvez por se sentirem culpados por não conseguirem encontrar líderes melhores. Pura e simplesmente aguentam. Também há os que não resistem, http://www.publico.pt/Sociedade/especialistas-em-saude-publica-associam-excesso-de-mortalidade-a-crise-economica-1536215
Na Síria as pessoas revoltam-se e morrem; são assassinadas. Em Portugal as pessoas resistem e morrem. Não será isto uma forma de homicídio?
Do Sócrates ao Vara, do Coelho ao Jardim, todos deviam ser julgados pelos seus actos criminosos, mas não em Portugal. Deviam ser julgados pelo Tribunal Penal Internacional por actos terroristas contra a população. Exactamente como o Saddam Hussein foi julgado pelo mesmo motivo. Afinal de contas há portugueses a morrer em consequência de parcerias publico-privadas terroristas, de remodelações de escolas a custarem 5 vezes o orçamentado e por aí fora. Tudo isto porque, parece que o betão faz crescer dinheiro na conta de quem o encomenda. Tanto que há empresas dispostas a financiar obras estapafurdias.
Sim é criminoso o que fizeram a este país. Este video é elucidativo: Opinião Pública - Corrupção
Espero que o português não esqueça o que lhe andaram a fazer neste início de século. O século XXI. Isto claro, se entretanto não nos revoltarmos e decidirmos partir isto tudo... indícios disso não faltam. Não me lembro de alguma vez uma repartição de finanças ter sido assaltada.
Este meu país é fascinante!
Enquanto na Alemanha decorre o julgamento de quem nos vendeu os submarinos, em que se demonstra que existiu suborno na venda, por cá não há notícia dos subornados estarem a ser julgados... ou há!?
Já ouvi esta história antes, demonstra-se que houve suborno, mas não se descobre o subornado...
Há cerca de meio ano comentei o caso do avô que matou o pai da sua neta, hoje comento a mensagem que a justiça envia à sociedade ao decidir que não há motivos para o manter preso preventivamente.
A notícia está aqui: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=2000299
Se as coisas não mudarem (e não vai ser a troika a mudá-las), o processo vai-se arrastar por 7 a 10 anos, com o homicida confesso em prisão domiciliária. Quando finalmente for condenado a uns 7 ou 8 anos de prisão, terá cerca de 75 anos. Terá convivido diariamente com a sua neta, terá exercido a sua influência e atribuido um ar de normalidade à sua lógica e forma de estar na vida.
O que me parece ser criminoso por parte da justiça não é deixar o senhor sair em prisão domiciliária, o que me parece perigoso, revoltante, demonstrador de enorme incompetência profissional e claro, criminoso, é a justiça não ser capaz de julgar e condenar um crime tão óbvio, tão evidente. São necessários mais de 6 meses para julgar este caso? Até filmes existem do crime. Ahhhh esquecia-me que os filmes não são aceites como prova em tribunal...
Os problemas que a lentidão da justiça gera, não são pequenos. Lembro que a namorada do falecido estava grávida e que esta criança foi privada de um pai. O criminoso convive com a sua meia irmã diariamente.
Que mensagem está a justiça então a passar à sociedade?
Que há pessoas privilegiadas, se se estiver bem relacionado.
Que por mais grave que seja o crime, a justiça nunca se faz de forma célere.
Que aquela é uma forma legítima de resolver o assunto. Discutível mas legítima.
Um país onde não há justiça, não é um país a sério.
Da Weasel - Casa
Da esquerda para a direita, como na leitura ocidental? Ou da direita para a esquerda, como no mundo árabe?
Vou abordar o problema de forma cartesiana e no estilo engenheirite. Trata-se obviamente da minha opinião.
CDU:
(+)
- Preocupação com as desigualdades sociais.
- Faz a Festa do Avante todos os anos. :-)
(-)
- Não acredita verdadeiramente na democracia, nem tem propostas credíveis.
- Não negociou com o FMI, como se o dinheiro não fosse importante, que mais não fosse para pagar reformas e salários de Julho.
BE:
(+)
- Congrega pessoas que pensam diferente, nem sempre boas ideias, mas diferentes.
- Verdadeiras preocupações ambientais, sem querer impingir uma forma de estar na vida (como os Verdes).
(-)
- Não esteve com o FMI. Deixou passar a oportunidade de propôr outras medidas para ter acesso ao empréstimo a 5%, quando o mercado só emprestava a 9 e 10%
- Detestava ver um radical como o Francisco Louçã, um tipo que transpira rejeição pelo dinheiro, ter poder.
PS:
(+)
- Implementou o plano tecnológico e o Magalhães (embora não tenha ensinado os professores a aproveitar o equipamento).
- Tentou avaliar os professores.
(-)
- Deu cabo do país endividando-o acima do razoável e agora andamos a pedir emprestado para pagar juros de uma dívida que não pedimos.
- Não exerceu a sua função reguladora nem fiscalizadora (com a nobre e louvável exceção da ASAE).
- Desautorizou e manipulou o sistema de justiça. O procurador vai ter uma estátua... no mínimo.
- Tem como líder o maior autista político de que tenho memória. Vamos perder o estado social à conta dele.
PSD:
(+)
- Um líder que parece ser normal e honesto (porque é que isto me parece um defeito?).
- Pretende incentivar a economia incentivando as empresas (precisamos de premiar o mérito das empresas) e cortando gradualmente os benefícios (Sub desemprego e reformas). Quem não tem dinheiro não tem vícios.
(-)
- Aproxima o país de um capitalismo selvagem, deixando vigorar a lei do mais forte.
- Tem os interesseiros todos à espera da vitória para assaltarem a "coisa pública". Se não correrem com os que lá estão agora a ganhar, vai ser mau.
CDS/PP:
(+)
- Discurso responsável e de estado.
- Quer revitalizar a agricultura e as pescas!!!!!!!!!!!!! Eis um conceito que todos entendemos, trabalhando, ganhamos todos.
(-)
- Aumentar as pensões de reforma.
- Acredita na caridadezinha.
MRPP:
(+)
- Garcia Pereira.
(-)
- Se chega ao governo, é a desgraça. =)
Conclusão:
Se continuar a acreditar no sistema político e que a democracia vai funcionar, voto no PSD ou CDS. Porque vou acreditar que os líderes vão acabar com o desperdício e regular o funcionamento das empresas públicas e moralizar o estado.
Se quiser votar no protesto, voto BE ou MRPP. Porque vou querer ideias novas e soluções diferentes para um regime em crise. Ameaçar sair da moeda única pode ajudar os alemães e franceses a aceitarem pagar o dinheiro a 4% em vez dos 3%, impedindo-nos de pensar que se estão a aproveitar da nossa infelicidade.
Votar na CDU, no PS ou abster-me é a mesma coisa. Declarar a falência do país.
Tenho agora a campanha para decidir: P. Passos Coelho ou Francisco Louçã? Paulo Portas ou Garcia Pereira?
Fascina-me ter o Garcia Pereira no Parlamento!!!! =)
Alienação parental:
"É o termo proposto por Richard Gardner em 1985, para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro conjuge, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro progenitor."
Hoje em dia, é crime.
A realidade ultrapassa sempre a ficção. Ainda foi mais estúpido do que imaginei. Uma visita do pai à própria filha rodeada de gente a escrutinar cada gesto, humilhante para todos os que lá estiveram... só os pais não era suficiente? Deixo o video do que aconteceu.
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. O crime